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Guia de Eventos de Setúbal

pessoa

Diogo Ferreira

“Estudar a história local é conhecer as pessoas”

maio 2024

A História, sobretudo a de Setúbal, é alimento de vida para Diogo Ferreira. O passado é fascínio. A descoberta, motivação. A missão, diz o investigador e historiador de 32 anos, define o presente e, também, o futuro. “Quero contribuir para a recuperação da memória coletiva da comunidade.”

O gosto pela História vem de criança. Na casa onde viveu na Rua Camilo Castelo Branco, perdia-se nas horas e na imaginação inspirada pelo Castelo de Palmela. Ao longo dos anos, foi também disciplina favorita na escola. Curiosamente, na chegada ao ensino superior, entrou em Direito. Mas, por pouco tempo.

Mudou para História e, depois da licenciatura, fez um mestrado com uma tese sobre Setúbal e a I Guerra Mundial, posteriormente publicada em livro. Foi um encontro de paixões. “Há muito para estudar sobre o passado de Setúbal e percebi que é isso que me faz feliz.”

Investigador-colaborador no centro História, Territórios e Comunidade, tem mais de uma dezena de livros publicados, alguns em coautoria, sendo o mais recente “A Greve Geral Revolucionária de 18 de Janeiro de 1934 à beira Sado: O descuido estratégico e a ausência da Barcelona Portuguesa”.

“A História é um edifício em constante construção. Não se fecha sobre si mesma e não esgota um tema. A noção de que estou a ser inovador e a contribuir com uma reflexão ou um conhecimento novo é motivante. No fundo, é também ser um intérprete do passado.”

O ímpeto de estudar Setúbal é, em simultâneo, um vínculo para compreender a história do mundo. “Não podemos olhar para a árvore sem ver a floresta. Significa isto que não podemos estudar Setúbal sem perceber o que acontece em Portugal e no mundo.”

O conhecimento da memória e identidade setubalenses é uma riqueza que fica para todos, um legado comum. “Estudar a história local, a qual tem um caráter democratizante que permite estabelecer uma ponte entre a academia e a sociedade civil, é conhecer as pessoas.”

A herança familiar, com ligações dos bisavós à indústria conserveira e à construção naval, também impulsionou o gosto pela investigação, tarefa que nem sempre é fácil. “Somos ratos de biblioteca. Há muitas fontes e informação. Por isso, há que saber separar o trigo do joio.”

No ano passado conclui, também na Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa, o doutoramento com a tese “Setúbal entre a República do Pós-Guerra e a Ditadura Militar”, que lhe valeu uma menção honrosa no Prémio Mário Soares – Fundação EDP 2023.

“Vim ao mundo para fazer história local e devolver este património para as pessoas, sempre com empenho científico e empírico”, diz Diogo Ferreira, nascido e criado em Setúbal, sítio de pertença, que ama incondicionalmente, das praias da Arrábida à gastronomia e, claro, à História singular.

“Setúbal é o meu microcosmos. É onde me sinto bem e de onde não me vejo a sair, até porque tenho este sentimento de que tudo o que dou a Setúbal a cidade retribui.”