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Guia de Eventos de Setúbal

pessoa

“Gosto de transmitir aos outros o que sei”

Isabel Curto Castan

novembro 2019

O orgulho na forma como recorda o pai, Orlando Curto, é indisfarçável nas palavras e no rosto de Isabel Curto Castan. É em homenagem ao antigo presidente da Câmara Municipal de Setúbal, falecido em 2013, que tenta levar mais longe o nome de Setúbal e fazer vingar a arte efémera, uma grande paixão à qual dedica, atualmente, a sua vida.

“Se a arte efémera se tornar uma tradição na cidade vai sempre dizer-se que foi a filha do Orlando que a iniciou. Desta forma vou perpetuar a memória do meu pai.”

Nasceu no Montijo em 1959, mas aos 9 anos mudou-se para a cidade do Sado, terra natal do pai. “As minhas memórias de infância e de adolescência são todas de Setúbal. Por isso, considero-me setubalense. Sempre amei muito esta terra. Aqui sinto-me em casa.”

Não tem formação artística, nem gosta de ser chamada de artista, definindo-se a si própria como uma “pessoa boa em trabalhos manuais e em transmitir aos outros o que é capaz de fazer”.

A veia criativa está-lhe no sangue e tudo o que aprendeu foi de forma autodidata, a observar as avós, a mãe e as tias a costurarem em casa. Foi graças a esse “banho de criatividade extraordinário”, no seio do qual cresceu, que Isabel ganhou o gosto pela arte de costurar. Aos 4 anos, fez a bainha de um vestido de noiva. Com 16, começou a trabalhar como aderecista no Teatro da Comuna, em Lisboa, a que se seguiram outras companhias, como o Teatro O Bando, que mais tarde se transferiu para Palmela, até que decide regressar a casa. “Percebi que Setúbal é o meu lugar.”

Na cidade sadina, continuou a trabalhar no teatro, na conceção de cenários e figurinos no TAS – Teatro Animação de Setúbal, e colaborou, durante muito tempo, na elaboração dos famosos pórticos à entrada da Feira de Sant’Iago, na Avenida Luísa Todi.

Entretanto, motivos pessoais levaram Isabel Castan a mudar-se para França onde viveu uma experiência marcante ao trabalhar numa ala hospitalar de cuidados paliativos. “Foi das coisas mais bonitas que fiz até hoje e onde aprendi realmente o que é a vida. Foi ali que eu me humanizei.”

A paixão pela arte efémera surgiu em 2012 ao participar num congresso, na Catalunha, Espanha. “Fiquei encantada porque é uma atividade tão bonita, acessível, participativa e transversal a todas as pessoas. É a minha cara! Comecei a pesquisar sobre o assunto e meti a mão na massa.”

Fez uma tentativa de criar uma delegação de arte efémera em Pau, França, mas não conseguiu e decidiu concentrar esforços em Setúbal, onde dinamiza um grupo dedicado à promoção e divulgação desta arte.

Uma das principais atividades desenvolve-se na Festa da Flor, organizada pela Câmara Municipal de Setúbal. Durante o certame, Isabel Castan dinamiza a criação de tapetes efémeros, com recurso a flores, serradura, areia e outros materiais, que convidam à participação de todos, num “apelo ao convívio e à partilha de experiências entre pessoas de diferentes gerações”.

Ano após ano, Isabel fica mais convicta de que Setúbal é “o sítio certo” para criar a tradição da arte efémera. “O mais gratificante para mim é ver toda a gente feliz e descontraída a fazer os tapetes. Mesmo que tenham erros técnicos, o que interessa é que as pessoas participem e percebam que todos temos um artista dentro de nós.”