O Dia de Bocage e da Cidade marca a reabertura do Museu de Setúbal. O desafio é grande numa obra pensada para mostrar, em condições nunca vistas, arte arredada do público há mais de duas décadas. A joia principal, o Retábulo do Convento de Jesus, está de regresso
Há ainda andaimes, escadotes e mesas de trabalho. Há operários por todo o lado, com martelos e berbequins a substituir o silêncio que, desde 1991 e até 2022, quando se iniciaram as obras de recuperação, era habitual nas alas norte e nascente do Museu de Setúbal/Convento de Jesus.
O Retábulo do Altar-Mor da Igreja do Convento de Jesus, obra quinhentista atualmente na Galeria Municipal do Banco de Portugal, vai voltar a ser mostrado integralmente quando estiver concluída a terceira e última fase das obras do monumento.
“Neste momento estão a ser feitos os acabamentos e retoques finais no chão e nas paredes da sala, pintadas de cinzento-escuro para dar um destaque especial ao retábulo”, adianta Maria João Cândido, arqueóloga municipal.
Recua e pede para imaginarmos o retábulo naquela parede de uma sala com pé direito duplo para instalar uma peça, que, pela sua grandeza, poderá ser vista pelos visitantes a partir do piso 0 e do piso 1. “Uma obra daquela magnitude aqui... com a devida iluminação e exposta de forma igual à forma original na Igreja de Jesus. Arrepiante, não é?”
Além do retábulo, o piso 0 vai ser dedicado às questões da arqueologia virada para o território, com salas expositivas organizadas por épocas, desde a pré-história até ao século XX, passando pela época romana e época medieval moderna até ao terramoto de 1755.
É no primeiro piso que pode ser vista a recuperação do Corredor do Espírito Santo e da Cozinha do Convento, onde “estarão expostas peças da cozinha encontradas no convento, desde bilhas, alguidares, panelas, e peças de mesa, como restos de talheres, chávenas de porcelana e tigelas vidradas”.
Já no piso 1 ficam patentes ao público coleções de arte do acervo do museu, de diversas épocas e estilos.
A cerca de quatro meses da inauguração do espaço requalificado, que ocorre a 15 de setembro, Dia de Bocage e da Cidade, já “estão a ser dados os acabamentos e retoques finais”, além da “produção das artes finais, como legendas, textos e imagens para as salas”.
O renovado Museu de Setúbal, integrado num monumento nacional também ele reabilitado, será um espaço preparado para acolher todos, uma vez que foi pensado de acordo com as necessidades das pessoas com mobilidade reduzida.