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Guia de Eventos de Setúbal

cidade

Unidos pelo Sado

novembro 2023

Seja a propósito das saudades, seja pelas memórias dos verões passados, não se pode falar da ligação de Setúbal a Troia sem abordar a história da travessia fluvial. Três municípios estão a lutar para facilitar a mobilidade entre as duas margens

Do outro lado do rio, há uma península a que os setubalenses se habituaram a chamar de sua.

Ao longo das décadas de 50, 60 e 70, Troia vivia anos de glória. Península deserta e selvagem, onde existiam apenas algumas casas de madeira e um punhado de barracas de praia, feitas de paus e lençóis, tinha-se transformado na geografia central de muitos setubalenses durante os meses do verão.

O pico de ocupação de Troia acontecia em agosto, por ocasião da visita à ermida da “Senhora milagrosa”, conhecida então por Nossa Senhora dos Prazeres e mais tarde transformada em festas em celebração de Nossa Senhora do Rosário, que incluem uma procissão marítima até Setúbal, com os barcos dos pescadores engalanados, que ainda hoje se realiza.

À península de Troia só se chegava de barco, atravessando o rio, porque ainda não existia estrada naquele território, e a ligação, mesmo de Grândola, era feita por Setúbal.

Ao longo dos séculos, diversas embarcações asseguravam a travessia entre as duas margens do rio, fundamentais às deslocações de lazer, mas também comerciais.

No século XVI, as viagens eram asseguradas por um batel e, entre 1522 e 1611, a travessia pertencia a cavaleiros da Ordem de Santiago. Ao longo do século XX, lanchas, barcos a vapor, de madeira e de ferro e os rápidos hovercrafts faziam as carreiras entre os dois territórios. Depois, com a melhoria da rede viária em Troia, apareciam os ferryboats, embarcações destinadas ao transporte de pessoas e de viaturas.

Mas, na virada do século, Troia é a nova rota dos projetos de grandes grupos turísticos. Sonae, Pestana e Amorim assumem a exploração privada.

Em 16 anos, o preço do bilhete no ferryboat para uma viatura ligeira com condutor aumentou de 5,7 euros, em 2007, para os atuais 19,60 euros. Já nos catamarãs, que transportam apenas passageiros, o bilhete individual, de ida e volta, custa 8,80 euros.

Soluções para a problemática que afeta milhares de pessoas estão a ser equacionadas.

Recentemente, os presidentes das câmaras municipais de Setúbal, Grândola e Alcácer do Sal falaram a uma voz na possibilidade de integrar a travessia fluvial no passe Navegante e entregar a concessão a uma empresa pública.