A Bataria do Outão vai dar lugar a um empreendimento turístico. Com uma localização privilegiada, da Arrábida a vigiar o Sado, a antiga infraestrutura militar, abandonada há perto de vinte anos, contribuirá para a atratividade de Setúbal
Em pleno Parque Natural da Arrábida, com vista para o Sado, Setúbal e Troia, ergue-se a Bataria do Outão, constituída pela 7.ª Bataria de Costa e pelo Forte Velho do Outão.
O Forte Velho foi construído no âmbito de um plano para garantir a defesa da barra do Tejo e do Sado, dada a ameaça de Espanha, na sequência da restauração da independência portuguesa em 1640.
Uma vez que a localização lhe permite um horizonte de larga visão, foi a mais importante infraestrutura militar de artilharia de costa de defesa da foz do rio Sado e de Setúbal.
Mais de 300 anos depois, apesar de Portugal se ter apresentado como país neutro na II Guerra Mundial, foi implementado um plano de defesa da região de Lisboa, com Comando de Defesa Costeira sediado em Oeiras e oito batarias para proteção dos rios Tejo e Sado, entre as quais a do Outão.
Em 1952, num investimento equivalente a menos de 50 mil euros em obras de ampliação e reestruturação para adaptar a infraestrutura militar à evolução das novas tecnologias de ataque, a Bataria do Outão foi entregue ao Grupo Independente da Artilharia de Costa.
A fortificação nunca teve de intervir em cenário real. Apenas realizou exercícios de tiro até à desativação, em 1992. Manteve-se depois em funcionamento com um núcleo de pessoal mais reduzido, mas em 1998 encerrou definitivamente.
No início do século XXI, foi utilizada pela Federação dos Bombeiros do Distrito de Setúbal e pelo Exército para ações de formação, mas encontra-se ao abandono desde 2005.
A Câmara Municipal de Setúbal alertou por várias vezes, ao longo dos anos, para o processo continuado de degradação da antiga infraestrutura militar.
A resposta veio recentemente, a 21 de julho, data em que o Turismo de Portugal lançou um concurso para a concessão da 7.ª Bataria de Costa, no âmbito do programa Revive, destinado à reabilitação de imóveis públicos sem utilização, em regime de concessão a privados com fins de utilização turística.
Se o equipamento a instalar for uma unidade hoteleira, permitirá um número estimado de 35 quartos, numa área bruta de construção de 6909 metros.