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Guia de Eventos de Setúbal

bastidores

Golpe de arte

setembro 2019

O kickboxing é uma das principais modalidades para a iniciação das crianças às artes marciais. A prática regular deste desporto de competição traz benefícios físicos e mentais a jovens e adultos. Punhos erguidos e luvas calçadas, desafio aceite

 

Segunda-feira. O primeiro dia da semana não termina sem o treino de kickboxing da equipa Henrique Diogo Team. É nas instalações do ginásio Elite Fight Gym, em Setúbal, que o grupo de 40 atletas, entre adultos e crianças e jovens a partir dos 6 anos, se reúne segundas, quartas e sextas-feiras. As próximas duas horas são passadas de punhos erguidos, entre movimentos de socos e pontapés.

“O kickboxing é um desporto de combate e de alta intensidade. É uma arte. Ainda que possa incitar a violência, esta é controlada”, refere Henrique Diogo, mestre, 4.º Dan, praticante da modalidade há mais de 30 anos.

“A maioria das pessoas que procura a modalidade, fá-lo para se libertar da tensão e da violência do dia a dia, que é o stress.”

O kickboxing surgiu nos Estados Unidos em meados nos anos 70 e nasceu de um desejo competitivo no qual fosse possível aplicar técnicas de punhos e pernas nas artes marciais. Está em franca expansão desde então.

Segundo a Federação Portuguesa de Kickboxing e Muaythai, há poucos anos era inconcebível ver crianças a praticar a modalidade. Hoje é o contrário. São cada vez mais os pequenos que calçam as luvas para treinar desportos de combate.

“Um dos motivos que leva os jovens a praticar este desporto é o método e as regras que aprendem para o dia a dia. O kickboxing estimula a autoestima das crianças, prepara-as física e mentalmente”, salienta o mestre.

Após as 18h00, o grupo começa a ficar composto. Primeiro treinam os mais pequenos, só depois os adultos. Quem chega saúda o mestre ou a sala na ausência deste. Com a obrigatoriedade do cumprimento começam as regras. Só após a saudação é permitido ao atleta pisar o tapete de borracha.

Após o aquecimento, com corrida e movimentos de braços e pernas, meninos e meninas calçam as luvas. Eva e Nicole, 7 anos, treinam a pares.

“Não se conhecem?! Vão conhecer-se hoje”, diz Henrique a ambas. “Vamos lá!” O mestre incentiva os pequenos e dá-lhes as coordenadas dos exercícios. “Direto, bloqueia. Gancho, esquiva”, explica.

Ordens como “mais devagar, sigam o ritmo”, “joelho para cima! Levantem esses joelhos!” e “atenção aos braços, dá espaço”, ecoam pela sala.

Tiago, aponta o direto para a cara dele. Chuta! Mais forte!”, incentiva Henrique, com a voz forte. “Agora sou eu quem te vai dar uma tareia.”

O treino infantil termina com a mesma saudação com que começou. Ali ao lado, os mais velhos colocam ligaduras à volta dos punhos e preparam as luvas. “Quem tiver capacete, coloca. Lembrem-se do pessoal com menos experiência e do peso de cada um. E lembrem-se também de que aqui rapazes e raparigas são iguais”, adverte o mestre.

O silêncio inicial da sala dá lugar a gritos e ovações. O treino dos adultos, mais intenso, tem a vertente da competição.

“Começam aqui a competir uns com os outros. Mais tarde, competem com outros que não conhecem”, explica Henrique Diogo.

São vários os atletas do clube com prémios de mérito nacional e internacional. Só este ano, o Henrique Diogo Team já arrecadou vários títulos nacionais, com as prestações de Maria Mariani, Rafael Viegas, André Viegas, Filipe Roque, Diogo Maia e António Jorge, 17 anos, que em outubro representa a equipa no campeonato do mundo, na Irlanda.

Para praticar Kickboxing, segundo o mestre, “só é preciso ter força de vontade”.