Foi a reabertura do ano, numa obra pensada para mostrar, em condições nunca vistas, arte arredada do público há mais de duas décadas. Faça uma visita guiada ao Museu de Setúbal/Convento de Jesus
Com mais de quinhentas obras em exposição, o Museu de Setúbal/Convento de Jesus reabriu em novembro com uma experiência que permite aos visitantes acompanhar a história do edifício, da cidade e da arte universal.
Numa visita guiada com duração de cerca de uma hora e um percurso organizado em três circuitos, fica-se a conhecer o convento e a sua vivência monástica, o território setubalense, desde a pré-história ao século XX, passando pela época romana e medieval moderna até ao terramoto de 1755, além de figuras histórias do concelho e, ainda, as artes do mundo, como a asiática e a do Islão.
Com entusiasmo e paixão evidentes, o responsável pela conceção do projeto museográfico, Fernando António Baptista Pereira, mostra os cantos e recantos do equipamento cultural e os valiosos tesouros artísticos, numa visita guiada através da narrativa.
“Um museu não pode ser apenas um invólucro e mostruário de coleção. Tem de apresentar, com essas coleções, narrativas que fascinem os seus diversificados públicos”, refere.
A joia principal do museu e obra-prima da pintura do Renascimento português, o Retábulo do Convento de Jesus, é, para o historiador de arte, a Mona Lisa do Museu de Setúbal.
“Aqui dentro estão coisas que não há em mais lado nenhum. Aliás, na Europa não há mais nenhum retábulo montado desta maneira”, afirma, numa apresentação que alude ainda ao facto de estar exposto na sua totalidade, em três níveis, numa sala com um pé direito que abrange dois pisos.
E esclarece: “A segunda Mona Lisa é o Ecce Homo.”
Trata-se de um retrato de Cristo em têmpera sobre madeira do século XVI, exposto na mesma área do Retábulo, numa sala que abrange os séculos XIV e XV e a primeira metade do século XVI.
Figuras históricas fundamentais da cidade, como a cantora Luísa Todi, o poeta Bocage e o pintor Morgado de Setúbal, a par de outros artistas setubalenses de origem setubalense dos séculos XIX e XX, são evocadas ao longo do circuito.
A musealização completa do Convento de Jesus está disponível ao público, na sequência de obras promovidas pela Câmara Municipal de Setúbal que travaram a degradação deste monumento nacional e o devolveram em todo o seu esplendor.