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Guia de Eventos de Setúbal

cidade

Cultura interventiva

novembro 2019

Cinco anos antes do 25 de Abril de 1974, nasce o Círculo Cultural de Setúbal, uma arma na luta contra a ditadura. E um abanar na cultura da cidade, onde Zeca Afonso chegou a dar aulas de alfabetização e concertos. Celebra este ano meio século

 

Durante anos foi um dos mais importantes espaços de intervenção cívica, de dinamização cultural da cidade e de partilha de ideias contra o regime ditatorial.

O Círculo Cultural de Setúbal encheu-se de jovens operários, estudantes e figuras da elite intelectual da cidade, mas revelou não ser uma associação de massas, tendo pouco mais de um milhar e meio de associados até ao 25 de Abril.

Criado em 1969 por iniciativa de Dimas Pereira, Fernando Cardoso, Maria Emília Pereira, Mário Brandão, António Manuel Fráguas, Carlos Tavares da Silva e Tito Lívio, o Círculo passa a ter sede própria, em janeiro do ano seguinte, no 2.º andar e sótão do número 87 da Avenida 5 de Outubro, morada sem liberdade, vigiada assiduamente pela PIDE/DGS, a polícia política do fascismo.

O artigo 2.º do Estatuto do Círculo Cultural de Setúbal deixava claras as intenções da associação. Organização de espetáculos, conferências, colóquios, mesas-redondas e exposições, estudo da arqueologia e etnografia regionais, da fotografia, do teatro e do cinema, publicação de boletins, revistas, jornais e revistas e, ainda, a criação de uma biblioteca.

Frequentador habitual, Zeca Afonso chegou ali a dar concertos e aulas de alfabetização e disciplinas do antigo ciclo preparatório.

Na noite da revolução e nas noites seguintes, o Círculo assume-se como o epicentro de todos os acontecimentos. “A casa quase veio abaixo com a entrada de tantos os que queriam escutar, participar. Na rua, uma massa de gente já sem lugar na sala, esperava notícias”, noticiava o jornal O Setubalense a 29 de abril de 1974.

Meses depois da revolução, o Círculo Cultural de Setúbal muda-se alguns metros para passar a ocupar o primeiro andar do imóvel que é hoje a Casa da Cultura, equipamento que presta homenagem a um dos mais importantes espaços de intervenção cívica da cidade.