Espetáculo pela companhia espanhola La Pharmaco, da Secção Oficial da XXVII Festa do Teatro.
“Somos la guerra” é uma obra feita em pedaços, como se rompem as águas que anunciam o parto, como as primeiras palavras do mundo, logo ensopadas em lágrimas e suor.A guerra é sempre anónima, doméstica e quotidiana.A guerra do trabalho, a violência de parir, do choro.A vida como calvário.
Quem trabalha, pare ou reza, vive com a esperança da prosperidade que há de vir: riquezas, descendência, salvação…criar, cuidar, crer.
Em “Somos la guerra”, o discurso é puramente intuitivo, inspirado em anedotas, imagens e referências concretas da vida de Luz Arcas. A música eletrónica, a influência do folclore, das imagens marianas veneradas da Andaluzia. O desejo de dançar mais do que de fazer dança, aquilo que o corpo ao dançar convoca, ou o impacto no corpo do nascimento de uma filha: a anunciação, que traz consigo a esperança, e os seus primeiros anos.
A necessidade de enfrentar o projeto de domesticação da civilização humana.
São sensações que não procurou racionalizar nem resolver, mas que têm a ver, sobretudo, com a vitalidade e a potência que os corpos alcançam enquanto suportam o peso do mundo.
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