Considerada uma das danças mais difíceis do mundo, com um movimento extremamente complexo dos pés, poucas pessoas conseguem replicá-la. Concentra-se na velocidade e no equilíbrio corporal. Os bailarinos levam mais de cinco anos para dominar as exigentes e complexas técnicas de Zaouli, onde sincronizam movimentos rápidos dos pés com a música, transmitindo mensagens sociais e culturais à comunidade.
É uma dança ritual antiga, realizada pelo povo Guro, com raízes no povo Mossi da região do Alto Volta, que agora é conhecida como Burkina Faso. Acredita-se que essa antiga dança tribal tenha mais de 200 anos e era tradicionalmente realizada para reis e chefes em cerimónias importantes. Ainda faz parte de muitas festividades celebradas pelo povo Mossi e outras tribos por toda a África Ocidental.
Cada aldeia Guro tem um dançarino Zaouli local (sempre homem), apresentando-se em funerais e celebrações. Acredita-se que a dança aumenta a produtividade da aldeia.
Sendo Património Cultural Imaterial da UNESCO, contém todos os requisitos de tradicionalidade, contemporâneo, vivo, inclusivo, representativo e fundado na comunidade.
É uma forma complexa e hipnotizante de arte, que conta a história de como homens e mulheres foram criados.
Existem sete tipos de máscaras Zaouli, cada uma traduzindo uma lenda específica.
Uma homenagem à beleza feminina, Zaouli é inspirada em duas máscaras: a Blou e a Djela.
A dança envolve três personagens principais: Mawu (o criador), Kponhinkon (o trapaceiro) e Goli (o bobo da corte). Os artistas usam trajes elaborados e pintura corporal para aumentar ainda mais o efeito dos seus personagens. Movem-se pelo palco, acompanhados por tambores e canto. O público assiste com admiração enquanto os artistas criam uma experiência inesquecível, para todos os presentes.
No mundo global, podemos ver excertos desta dança no videoclipe da rapper M.I.A. “Swords & Warriors”, bem como dos artistas de música eletrónica Captain Hook & Astrix “Bungee Jump”. O grupo feminino de K-Pop Nature lançou o videoclipe “Rica Rica” inspirada na dança Zaouli e foi fortemente criticado, pelo uso inapropriado. Deixo ao critério do leitor, pois a minha opinião vai sempre ao encontro da equidade na Dança.
Sónia Ribeiro
Bailarina, Coreógrafa e Professora de Dança