Setúbal foi o maior produtor de conservas de peixe. Entre 1854 e 1995, mais de quatrocentas fábricas laboraram na cidade e empregaram dezenas de milhares de operários, sobretudo mulheres, enquanto os homens se dedicavam à pesca. A reputação do setor era tal que, nas duas primeiras décadas do século XX, as unidades fabris setubalenses produziam mais de dois terços de toda a conserva nacional.
Hoje, a história da indústria resiste, também, pelas antigas chaminés de tijolo laranja presentes na paisagem urbana, principalmente na zona ribeirinha.
Foi em Setúbal que, no início de 1854, pelas mãos dos empresários Manuel José Neto e Feliciano António Rocha, se instalou a primeira unidade de produção de conservas de sardinha, pelo método de esterilização, as quais eram consumidas no país, mas também no estrangeiro, principalmente na América do Sul e África.
Meio século depois, é fundada uma das maiores conserveiras do país, a Perienes, de uma importante família de fabricantes da cidade no século XX, que, em 1919, adquire o edifício onde fica hoje o Museu do Trabalho. Integrada num antigo bairro piscatório, a fábrica funcionou até 1971.
Apesar do encerramento das últimas unidades, a Vasco da Gama e a Regina, Setúbal soube reinventar-se ao longo dos anos e mantém-se, hoje, um concelho dinâmico e com uma oferta de produtos do mar de excelência com que muito poucos conseguem competir.