Autor popular, de trato simples e iletrado. Calafate de profissão. António Maria Eusébio é uma das personagens indissociáveis da memória coletiva setubalense. Em versos, que ditava para alguém os escrever, retratou a forma como via e vivia a cidade. E também os cantava. O “Calafate”, com um programa que juntou diversas entidades, incluindo a autarquia, foi homenageado ao longo do ano passado por ocasião do bicentenário do seu nascimento, assinalado a 15 de dezembro de 1819.Foi no número 58 da antiga Rua dos Marmelinhos, no Bairro do Troino, que nasceu António Maria Eusébio, também apelidado de “O Cantador de Setúbal”, pelas cantorias que fazia em arraias e adegas da cidade.Subsistia da calafetagem, que conciliava com a paixão poética. Terá sido a partir de 1901 que os poemas começar a assumir a forma de folhetos, vendidos pelo próprio em ruas, feiras e também a partir da casa na qual vivia, na Baixa.A sociedade sadina sempre o acarinhou, em espetáculos solidários e de homenagem, de que é exemplo o evento de 15 de dezembro de 1902, por altura do 83.º aniversário, no antigo Teatro Dona Amélia. E nunca o esqueceu.No Parque do Bonfim, o poeta popular é evocado num busto esculpido em bronze e mármore branco, memória alargada a outros pontos da cidade, como o Arquivo Distrital de Setúbal, no qual é possível consultar os registos de batismo e de casamento, e a Biblioteca Pública Municipal de Setúbal, guardiã da vasta obra.