Uma árvore de natal gigante e números, muitos números de lâmpadas, cabos, parafusos. Um sonho antigo de 34 metros de altura, construído num mês e meio e que, até ao dia 7 de janeiro, volta a iluminar as celebrações natalícias setubalenses
Um olhar para a placa central da Avenida Luísa Todi, através do arco da Ribeira Velha, na baixa setubalense, já deixa perceber o que aqui se passa.
Dois camiões pesados, dois camiões ligeiros e duas gruas. Oito efetivos vestidos a rigor, devidamente apetrechados com capacetes, coletes refletores amarelos, escadotes, berbequins, serrotes, baldes de tinta, estão encarregues de montar uma obra monumental em catorze dias.
Trata-se da famosa árvore de Natal, com 34 metros de altura, equivalente a um prédio de dez andares, exposta pela terceira vez consecutiva na cidade pela altura das celebrações natalícias.
A estrutura, bem visível ao longe pela forma em cone, num misto de aço, luzes led e cabos em néon, com ramificações de cor azul e branca a entrelaçarem-se nos ângulos, sobressai pela escala e por ter sido fabricada especificamente para o local ao longo de um mês e meio.
Esta peça, um dos principais destaques do Setúbal Christmas Fest, certame natalício que tem início a 23 de novembro, mantendo-se até ao dia 7 de janeiro, numa organização da Câmara Municipal, “foi desenhada à medida, mas pode ser aumentada na base”, avança o empresário Constantino Modesto, líder da SKEP, empresa responsável pela construção de toda a estrutura. “No futuro, o próximo desafio passa por criar uma árvore de 48 metros.”
Uma base de onze metros de diâmetro, construída em tubos de aço, começa a ser montada. Os materiais passam de mão em mão. É acrescentada peça a peça. Tudo é trabalhado ao mais ínfimo detalhe.
Nos bastidores, visíveis para os milhares de pessoas que, todos os dias, passam pela zona próxima do coreto na placa central da avenida, há tanta coisa a acontecer que nem é possível dar conta do tanto material utilizado.
Mas façamos contas. No total são 48.000 lâmpadas leds azuis e brancas, 240 metros de néon azul, 800 metros de cabo elétrico e 80 de cabo de aço, 3200 parafusos. Duzentos quilos de pó para lacagem, 1600 metros de perfil tubular em aço. Para o interior, 240 metros quadrados de contraplacado marítimo e de relva sintética. Mais de treze toneladas de betão.
São estes os números que fazem da árvore de Natal de Setúbal uma obra imponente, iluminada e que, apesar de imóvel, movimenta a cidade por estes dias, com inúmeras visitas ao interior para uma fotografia, aqui e acolá.
Mas, afinal, como surgiu a ideia? Um sonho antigo. “Uma concretização pessoal”, diz Constantino Modesto.
“A ideia nasceu há mais de dez anos, tomando como exemplo a árvore de Natal montada no Parque Eduardo VII. Pensei, se Lisboa tem, por que razão Setúbal não pode ter? A autarquia aceitou logo a minha proposta e o projeto acabou por se materializar em 2017”, explica o empresário de 63 anos, empossado, este ano, na qualidade de Embaixador de Setúbal, título que confere a responsabilidade de promoção do nome do concelho.
Toda a montagem exige bastante destreza até à colocação da estrela no topo da árvore.
Com uma base em deck, a árvore tem dois bancos de madeira no interior e duas entradas por onde o público pode circular, quer para admirar a estrutura numa outra perspetiva, quer para visitar uma exposição de fotografias colocada em biombos de vidro.
Mas a magia acontece verdadeiramente quando, do dia para a noite, as luzes são acesas.
Primeiro a estrela, depois a espiral, a seguir a restante estrutura.