Nem só de homens se fez a luta antifascista. De operárias a intelectuais, centenas de portuguesas desafiaram com coragem e ousadia um regime que as amordaçava. Parte da história da resistência feminina ao Estado Novo passa-se em Setúbal e conta-se em vários espaços do concelho.
Em novembro de 1973, na firma Electrónica Signetics de Portugal, as mulheres foram protagonistas da luta contra a ditadura e pela primeira vez reivindicavam redução do horário semanal de trabalho, férias de 30 dias e 100 por cento de subsídio de férias. A greve manteve-se por cinco dias e conseguiu afrontar o regime.
No final da década de 60, na antiga Fábrica de Conservas Vasco da Gama, várias trabalhadoras foram responsáveis pela organização de uma greve de zelo que paralisou a empresa.
Ao regime incomodou aquela fábrica cheia de mulheres que, sem medo, pediam aumentos salariais. Muitas delas foram presas e interrogadas e outras ameaçadas com frases como “veja lá… tem filhos para criar”.
Mas a resistência antifascista feminina em Setúbal também se desenvolveu na clandestinidade. Em 1966, no Montalvão, Joaquina Galante e o marido convertem um apartamento numa tipografia secreta, onde imprimiam jornais como O Camponês, o Avante! e O Militante e vários milhares de panfletos e tarjetas de natureza diversa como rifas e horários de rádios clandestinas.
Apesar de não ser um ponto que se destaca por ser palco de resistência, de fora não pode ficar a casa de Clementina e Salvador Amália, empenhados antifascistas setubalenses, pertencentes ao PCP.