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Guia de Eventos de Setúbal

pessoa

Diana Lima

“Quero poder dedicar-me inteiramente ao cinema”

novembro 2023

A sétima arte está com Diana Lima quase desde sempre. A vida, feita entre Setúbal e Lisboa, levou-a até à produção de cinema, que, aos 35 anos, ainda não é profissional. Mas, alimenta o sonho de lá chegar.

Na cidade sadina criou, em 2015, a 50 Cuts – Associação Cinematográfica, pela qual procura expandir o ímpeto que tem pela dinamização cultural. Sempre, ou quase, pelo cinema.

“Estava farta de fazer estágios e pensei, se não me pagam, ao menos vou fazer aquilo que quero, com os meus próprios projetos. E tenho a sorte de ter sempre o apoio dos meus pais.”

O primeiro foi “Red Queen”, sem orçamento. Além da produção, faz programação cultural, com sessões de cinema “mais na onda independente, de qualidade, para mostrar outro tipo de cinema.”

A decisão de criar a associação em Setúbal veio sem incertezas. “Em Lisboa seria apenas mais uma. Era muito mais necessária aqui, na cidade com a qual não corto o cordão umbilical.”

O nome é inspirado no filme de terror psicológico “Psico”, de Alfred Hitchcock. “Vem da cena do chuveiro, em que foram precisos cinquenta cortes até acertar com a perfeição. Encaixou que nem uma luva.”

O terror atraiu-a desde cedo. “Lembro-me de a minha irmã estar a ver com os amigos ‘A Noiva de Chucky’. Eu vi às escondidas. Tinha 11 anos. Foi uma semana a sonhar que o boneco saía por baixo da cama a tentar matar-me.”

As recordações levam-na ao primeiro filme visto numa sala de cinema. “Foi ‘Dennis, o Pimentinha’. Tinha 4 anos e adormeci.” Depois, ‘Mulherzinhas’ e ‘Música no Coração’, ainda entre os favoritos.

No secundário, apercebe-se de que gostava de estar atrás das câmaras. “Sempre que havia trabalhos de grupo, optava por filmes ou qualquer coisa de audiovisual. Punha a malta a representar. Eu realizava.”

Ainda houve uma altura em que a atuação foi uma hipótese. “Cheguei a fazer algumas aulas. Mas, estar a falar para uma câmara, com pessoas a ver, não é para mim. Ainda por cima tenho ansiedade.”

O ensino superior foi tudo menos linear. Começa na Moderna mas, no segundo ano, a universidade fecha. Numa semana, decide ir para a Covilhã. Não se adapta. “Não gosto de mudanças repentinas. Preciso de ter tempo.”

Volta para Lisboa, para acabar a licenciatura, em 2011, na Lusófona, neste caso em Cinema e Artes dos Media. É nesta altura que percebe que a produção era o caminho que gostava de seguir.

“Um produtor está dentro de todas as fases do projeto. Estar a participar em tudo e reunir todas as condições para um filme acontecer não é fácil, às vezes ingrato. Mas, depois de muitas dores de cabeça, vale a pena pelo resultado.”

“Maria José Maria”, de Chico Noras, filmado durante a pandemia, em Santarém, foi o maior desafio. “Desde logo por ser um projeto histórico, sobre uma matricida. Depois, seis dias de filmagens intensas e muita pós-produção.”

Em produção está o documentário “Cidália”, para revelar a “história de vida difícil de uma conserveira setubalense”. No horizonte está a vontade de fazer “uma coisa louca, algo do género de cinema série B”.

Até lá, Diana Lima trabalha também fora da área, em recursos humanos, porque há contas para pagar. Um filme de vida a continuar, com esperança e vontade inabaláveis. “Quero, um dia, poder dedicar-me inteiramente ao cinema.”