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Guia de Eventos de Setúbal

pessoa

Patrícia Paixão

"O teatro foi das últimas artes a desafiar-me"

julho 2023

Patrícia Paixão é uma comunicadora. Pelas artes, nas múltiplas formas de expressão, partilha experiências e histórias do mundo que absorve um pouco por todo o lado. Mulher de cultura, com um espírito aventureiro, foi no teatro que encontrou a arte mais completa.

Natural de Setúbal, aos 36 anos é um dos rostos da equipa do Teatro Estúdio Fontenova, da qual faz parte há quase uma década, com trabalho nas áreas da produção e da interpretação. “Atrai-me a ligação humana, de conexão, dentro e fora de palco.”

A cultura é parte indissociável da sua condição e natureza. A música sempre a acompanhou, como companhia e inspiração. O fascínio pelas artes visuais, em que se incluem as cénicas, manifestou-se algures durante a adolescência. “O teatro foi das últimas artes a desafiar-me.”

A Festa do Teatro – Festival Internacional de Teatro de Setúbal, realizado anualmente, durante o mês de agosto pelo Teatro Estúdio Fontenova com a Câmara Municipal de Setúbal, abriu-lhe as portas das artes cénicas. “Comecei em 2016, com as oficinas.”

Três anos depois, já fixada na companhia setubalense, estreia-se em palco, com “Ah! Minha Dinamene!”, peça que também produziu. “Vejo o teatro de uma forma completa, enquanto arte aglomeradora de outras artes. Um dos grandes poderes do teatro é a forma de comunicação visual.”

O maior desafio em palco de Patrícia Paixão, “tanto a nível físico como mentalmente”, foi com a encenação “A Paz Perpétua”, que se estreou em 2021, a partir da obra do dramaturgo espanhol Juan Mayorga. “Um texto muito denso, contemporâneo, socialmente apelativo.”

Licenciada em Comunicação e Cultura e com um mestrado em Euroculture, a certa altura da vida, ponderou abraçar uma carreira enquanto repórter de guerra. “Sempre tive interesse por pontos de conflito e isso puxou-me, e ainda me puxa, muito para o teatro físico e documental.”

Não é, portanto, surpreendente que do roteiro de viagens realizadas, sobretudo pela Europa, estejam países como a Bósnia e Herzegovina e o Líbano. “Gosto muito de viajar. Mais do que lazer, é uma aprendizagem transformadora, a nível físico e espiritual, que permite mudar a perceção que temos do mundo.”

Estes dois países, com conflitos ativos, inspiram a mais recente criação “Noves Fora, Grades Dentro”, que se apresenta como uma reflexão sobre três manifestações de prisão, nomeadamente “experiências em estabelecimentos prisionais, guerras e conflitos sociais e territoriais”.

Uma das últimas paragens foi Beirute, no Líbano. “A experiência humana surpreendeu-me. São as coisas inesperadas que mais me seduzem. São estas histórias e descobertas que procuro partilhar pelo teatro, que também pode servir como plataforma de inquietações. E, encontramo-las em todo o lado.”

Com o Teatro Estúdio Fontenova, procura levar o trabalho cénico o mais longe possível. “Partilhar a efervescência da criação e promover a reflexão com o intuito de impulsionar mudanças que, mesmo que pequenas, podem fazer a diferença de forma sustentável.”

Patrícia Paixão diz que é uma privilegiada por viver em Setúbal. “Temos espaços naturais de excelência e uma história de resistência, em várias dimensões, muito interessante, que devia ser mais falada. É preciso uma melhor comunicação entre os vários agentes da sociedade.”